domingo, 12 de fevereiro de 2012

Rivotril

É estranho tomar 3 rivotrils praticamente juntos. Pelo meu pouco estudo na área médica, 15mg não vai me fazer mal algum, mas certamente vai anestesiar minhas emoções e meu corpo. É estranha e agradável essa sensação de torpor. Não me importaria em tirar umas férias nesse estado vegetativo. Beber, comer, dormir... entorpecida. É uma válvula de escape pra mente. Cada um com a sua receita, alguns são naturebas e meditam, outros usam de entorpecentes naturais para se desconectar desse purgatório que é o mundo; ainda há quem beba pra esquecer seus problemas e as vezes ainda arranja outros piores. É álcool é uma merda.

E estar nesse estado de letargia não me garante entender o que me fazia sofrer. Estou em um estado psicodélico entre o abismo emocional absoluto e o riso histério da palhaçada que é a minha vida. Se a vida é uma peça de teatro onde o mundo é o palco, sobrou pra mim o picadeiro numa apresentação de palhaços.

Puta que pariu. Nesse estado eu não consigo dizer nada do que estou pensando. Ou não estou pensando o suficiente pra escrever. Grandes bostas. No fundo o rivotril não foi uma pá de cal na raiva e nem na frustração, foi apenas uma anestesia superficial na ferida purulenta.

Brother, se eu não começar a acertar as coisas eu vou virar uma velha ranheta. Se é que eu já não me transformei. Mas, hoje, realmente, não espere nem meia palavra de alegria, porque eu tô mais querendo que o mundo se foda. E especialmente uma pessoa.
Sai de mim odioso pensamento
quantas vozes tem o vento
quando está a sussurrar?

As palavras que predizem o futuro
em visões do meu desespero
E de tão cruel me acertam como murro

Sai de mim desalento
Não sabe como quem está a brincar
Posso parecer de louça
Mas, como fogo sei queimar

Meu corpo escultura divina
com os lábios de deusa menina
Que venha o vento me gritar!





E Viva o Descontrole Emocional!

As vezes o mundo parece hostil, interessado em destruir todas as suas forças e esperanças. Sei que o mundo não é de verdade assim e nem creio q o universo conspire contra mim. Mas, tem dias q vc se sente assim. Num beco sem saída, num mar profundo de tristezas. O sentimento pesa como pedras sobre os meus ombros e me afundo ainda mais no conforto das minhas lágrimas. Auto-piedade + arrependimento + covardia = depressão.

Agora olhando parece que tudo virou um nó cego. Não há por onde insistir para melhorar a situação. Ao contrário, qualquer tentativa de desatar só o aperta mais. Minha vida virou um nó cego. Estou presa numa teia q eu nem sei qual é. Eu não vejo, mas cada vez me enrolo mais nesses fios de mágoa e rancor, tecidos continuamente ao longo de alguns anos. Não sei como mudar, pra cada lugar q me viro, me prendo mais. 

Sou uma fraca. Tenho medo da solidão. Não de ficar só, pq isso eu já superei. Vivo minha vida praticamente só. Entre risos e sorrisos virtuais, os compromissos de faculdade - local onde interajo e construo novos valores e amigos. Mas, de resto eu sou só. A menina presa na torre. A menina da torre, como diria o Pedro Parga. A menina que se prendeu na torre pq não sabe viver lá fora.

As vezes eu sinto meu coração como um bife batido. Me lembro da empregada batendo o bife com uma espécie de socador dentado, pra "amaciar a carne". Carne que foi de algum animal que como eu queria viver. Mas, acabou virando meu almoço. Um bife de carne amassado. Um bife amaciado... assim como o meu coração. Essa massa ora disforme já teve uma boa aparência. Era puro, eu juro. A cara de má, a insolência e o deboche eram a minha armadura pra me defender do mundo. Trinta e cinco anos depois vejo que não foi a melhor escolha e hj, essa armadura rota é o q me identifica para os outros. Eu sou a Núzia que não merece compaixão pq que é combativa. Mulher guerreira que aguenta até porrada. Um muro para atirar as suas frustrações, um muro que chora em silêncio a cada pedra atirada. 

Não sei no q me transformei. Não me conheço mais. Não me reconheço tb. Não era assim... e não sei o que sou agora. Em dias como hoje, um amontoado de células, fibras, nervos e tendões, dentro de um revestimento epitelial frágil, comandado por uma massa cinzenta que ora me parece muito burra. Como pode o cérebro desempenhar tantos papéis, de maneira bem razoável e ser tão incompetente quando se trata de amor, por exemplo? Como pode fazer um ser humano, produto da união de dois gametas, que desde sua concepção luta para sobreviver nesse mundo hostil; que desenvolve diversas atividades motoras sem nem se dar conta de tão perfeita q é a criação, ser ao mesmo tempo capaz de nos jogar no limbo das artimanhas do amor. Amor. Porra, sentimento esse que tem q ter comando no cérebro para existir! Como assim a coisa funciona de maneira tão errada? Como pode nos deixar nos apaixonar e ficar doente por alguém que não se importa com a sua existência? Assim, francamente, nem é apenas um desabafo, mas é um questionamento válido.
Eu que admiro a ciência médica não me conformo com esse aspecto da falibilidade humana. Não, não dá pra ser. Era pra ser algo BOM. Era pra fazer DAR CERTO. Pra que a perpetuação da espécia ficasse garantida. Mas, do jeito que a coisa vai, logo logo estará ameaçada. Simplesmente porquê é impossível conviver e ser feliz com alguém! Fato. Maldito e burro encéfalo, não é capaz de coordenar uma nivelação química pras coisas funcionarem a contento. Porra... faz tanta coisa direitinho. Não deixa o coração parar de bater, nem o pulmão de inflar e desinflar na respiração, oxigena as células, produz outras, recebe milhares de informações por segundo e responde a todas elas quase sempre de maneira bem eficiente. Mas, qdo se trata de amor, porra... nada funciona! E ainda culpam o coração! Não é o coração q é idiota. Essa porra é só músculo, fibra, artéria. Não pensa. Não sente. Só bate. Burro mesmo é o cérebro. Esse sim é o responsável pela cagada, que nesse caso nada tem a ver com o cu.

Enfim, achado o culpado, o cérebro, eu me pergunto: se ele é capaz de nos colocar em situações medíocres porquê não funciona bem, qual é a solução? Tipo, o bichinho tinha que ter daqueles programas que se auto-corrigem, tipo esse do windows. Porque se ele está com problemas e ele é o único e todo poderoso parar resolver problemas, como ficam as coisas? Acho q é nessas horas q entram os psicólogos e psiquiatras, né? Mas, sei lá... eu não sei se consigo confiar e acreditar na eficácia desse tipo de tratamento. Parece pajelança. Se um osso quebra, vc opera, coloca no lugar, fixa com um pino e pronto, está consertado. Agora se o cérebro está doente, mas não é exatamente nada físico ao ponto de uma neurocirurgia, você acha mesmo que pagar pra bater papo vai resolver o problema?! Bom, talvez, né? Já que o problema é de softwer e não de hardwere, pode ser que um bom programador da mente humana consiga resolver. Pensando por esse ponto até que fica bastante interessante. O lance é descobrir um bom "técnico".

Vai ver é isso. Vai ver se eu conseguir reprogramar o meu cérebro, eu encontre a solução dos meus problemas. Seja no amor, seja em outros aspectos (toda pessoa q sofre de depressão, sofre por mais de um motivo. dor de corno só não gera doença), reprogramando eu posso resolve-los. Ou desistir deles de uma vez.

Se o meu namorado ler isso aqui, vai achar que tudo que foi dito era sobre ele, uma forma de recado. Mas, na verdade não. Isso foi uma das mais sinceras conversas comigo mesma que tive em anos. E escrever é assumir que elas também existem e que podem ser a solução de muita coisa. Antes eu tinha medo até de pensar em terminar, hoje eu preciso dizer que isso é uma possibilidade bem real nesse momento em que estamos vivendo. E pelo andar da carruagem, é realmente o suspiro final de um corpo moribundo. Assumir em voz alta, admitir em palavras digitadas nesse cyber espaço foi a forma que eu encontrei para dissipar o nevoeiro cinza e gelado que tomava conta da minha alma. Assumir que eu também quero um fim, seja lá como isso for se dar. Mas, eu quero. Quero um fim desse convívio terrível que se transformou o nosso dia a dia. Quero o fim das ofensas ditas por bocas cheias de ira. Quero o fim do rancor improdutivo e depreciativo. Eu quero ver estrelas em vez de receber farpas.

Mas, não, não foi tudo isso escrito pra ele. Foi na verdade quase uma psicografia da confusão dos meus sentimentos. Foi um vômito emocional, irracional, totalmente descompromissado com fatos e cronologias. É mais um ensaio de muitos da minha libertação. Seja lá como ela se dará, seja lá que forma ela terá... mas, eu preciso me libertar e ser feliz.

Por isso hoje eu não vou mais brigar. O semblante pode ser um pouco de apatia, mas na verdade é apenas o efeito da catarse que eu sofri.