sexta-feira, 13 de julho de 2018

Qual é o problema em ser normal?
Qual é o problema em não saber tocar violão?
Qual é o problema em não fazer a revolução?
Qual é o problema em chegar aos quarenta sem sair dessa prisão?

Aqui é confortável, quente, agradável.
Aqui é um espaço cativo pro corpo cansado
Das horas trabalhadas, do tempo roubado na vida de gado.

Nem todo mundo quer ser iluminado
Nem todo mundo nasceu pra ser ovacinado
Sem plateia não tem espetáculo
Sem o mediano não tem o bem dotado
Cada um no seu quadrado no jogo de encaixe
Da vida.

domingo, 1 de julho de 2018

Às vezes eu queria ser dez
Às vezes não queria ser nenhuma
Às vezes me bastava o por do sol em Piúma

A alegria do verde mar
O brilho da lua, alumiar
O coração que segura saia a rodar
A moça doce candura à beira do mar

Queria ter tempo em tempo
Da tua boca saborear
Do teu mel me alimentar
Do teu sonho vir a sonhar

Queria fugir sem razão
No meio da escuridão
Em noite de lua ou não.
E abandonar a loucura em alto mar




MARESIA


Como pode menina tão bela, cheia de qualidades.
Ser tão insegura beirando insanidade?
Como pode linda tempestade ter medo da ventania?
Como pode ser intensa e sem saber ser calmaria?
E ter medo de perder sem ver que assim se perdia
Na loucura, no ter, na posse doentia
Deixando morrer o brilho prateado, ousadia
Dos olhos e das madeixas
Da bela que era fera
E também, feria...

E perdia em lágrimas e sangue aquilo que lhe fazia
Diferente, reluzente, especial, incandescente
O medo que ela sentia
O vazio que a consumia
A alma que se esvaia
A menina fenecia

E no seu peito oco batia
Um coração torto que ria
Do medo bobo que ia
Levando pra longe a maresia
Com o cheiro doce que ele trazia
A pele morena que aquecia
A cama gelada em noite sombria

E por isso ela sofria
Queria por perto
E de tão perto ardia
Na alma e na boca
Era isso que temia
Ser louca, tão louca
Que dele fugia