domingo, 1 de julho de 2018

MARESIA


Como pode menina tão bela, cheia de qualidades.
Ser tão insegura beirando insanidade?
Como pode linda tempestade ter medo da ventania?
Como pode ser intensa e sem saber ser calmaria?
E ter medo de perder sem ver que assim se perdia
Na loucura, no ter, na posse doentia
Deixando morrer o brilho prateado, ousadia
Dos olhos e das madeixas
Da bela que era fera
E também, feria...

E perdia em lágrimas e sangue aquilo que lhe fazia
Diferente, reluzente, especial, incandescente
O medo que ela sentia
O vazio que a consumia
A alma que se esvaia
A menina fenecia

E no seu peito oco batia
Um coração torto que ria
Do medo bobo que ia
Levando pra longe a maresia
Com o cheiro doce que ele trazia
A pele morena que aquecia
A cama gelada em noite sombria

E por isso ela sofria
Queria por perto
E de tão perto ardia
Na alma e na boca
Era isso que temia
Ser louca, tão louca
Que dele fugia