quarta-feira, 25 de abril de 2018

O MUNDO NÃO É DE QUEM DORME

Os risos e os passos frouxos,
o copo gelado na mão,
o olhar dela pra ele, e o dele pra imensidão.
Era mágico, e pura ilusão.
Um sonho acordado, o enredo de tentação.
O menino da internet, o cara da revolução.
Os risos e os passos frouxos em pura conexão.

Ela o deixava falar
divagando um mar de teorias,
o contexto da quebrada, a ideia da periferia.
Mas ela só conseguia pensar
que na cama outras ideias fluíam,
fundiam um corpo no outro,
numa fusão de energia.

O cabelo caindo no rosto,
a blusa que no seio se abria,
que os olhos dele fitavam,
e  a fagulha de malícia acendia.

Será? Pensava ela acelerada, e só de pensar se tremia,
de imaginar que aquela mão sobre o copo,
o seu corpo percorreria.
Num vai e vem sinuoso em busca de direção,
a mão subia e descia,
a boca gelada gemia,
e entre as pernas um fogo
que ardia sem nenhuma objeção.

Era de verdade,
acontecia então,
numa rua deserta entre os bares,
um muro virava colchão.
E por que não?
O mundo não é de quem dorme
e nem é de quem diz não.
O sim a vontade consome
em pura provocação.